quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

fome estranha

quero falar sobre as nossas fomes. a minha, por exemplo. tenho fome de ter fome. definição crua e nua de uma fome inexplicável.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

com ana, blues

ana nasceu de mim depois de dois anos de gestação. embora pareça que foi a gestação de um elefante, ana tem a leveza do vôo nos ossos. mas: de que adianta que ela tenha nascido com tanta força brutal e faminta, se com essa mesma força minha mãe esteja morrendo.
por favor ana, morra!
mas deixa que ela que é meu chão, minha base, meu alicerce viva por mais alguns tempos. só te peço para que eu possa mostrá-la o quanto a amo e a quero viva. pedir pra deus? deus tá matando minha mãe: deus bom, ele não existe. ele é cruel, é vil, maquiavélico. deus é um estuprador de virgens. deus é uma farsa. e enquanto ele estiver matando meu coração, eu quero que ele vá se fuder.

à beleza anoréxica de minha mãe

eu tinha tanto medo de saber que ela pode morrer. parabéns misturados com revelações. minha mãe é turbeculosa. dói muito saber que ela respira só com um pulmão meio ruinzinho e o outro lhe escapa em tenebrosas golpadas de sangue. tenho raiva de ser gordo. odeio ter carnes que lhes são escassas. odeio ter belos e fortes pulmões pulsantes de vida. odeio ter força e coragem enquanto a cara dela afunda e afunda no meio da caveira. eu a amo até os ossos. quando me pede massagens, as minhas lágrimas correm feito bichos que estavam presos em densas gaiolas. massageio sua coluna conseguindo contar perfeitamente suas vértebras. eu não estou preparado para uma possível morte na família.

é isso que eu chamo amor?

Guto:
Sob os augúrios de capricórneo...
Ai, o signo negro
O perscrutador de abismos

Desgraçada desgraça és
Fadado a ruminar surdinas
Enredar mistérios e tramas
De recôndidos universos
Longínquos

Desgraçado tu és
Pária entre (a)pú(á)tridos(as)
Varíola ante as vacinas
Terror por trás do medo
Miséria

Desgraça és
Traços, sarcasmo
Cores de escárnio
Em pinceladas
Ácidas

Graças
Ao
Bom
Deus

naah:
Jhonn, quem nos viu, quem nos vê, né? Quem diria que iríamos nos tornar amigos um dia? É, a vida dá muitas voltas... Muitas delas não nos trazem nada de bom, mas outras trazem-nos amigos, e em uma dessas voltas você se trouxe pra mim! Jhonn, eu vou sentir tanta falta de chegar no colégio e te dar um abraço, te chamar de puta, cantar contigo, não entender teu inglês, entender quando você tá estressado, assim como me entendes também, conversar horas sobre besteiras, pegar livros emprestados, ler contos, expor ideias, comentar autores, livros, musicas e filmes... Gente, vou sentir sua falta! E é por isso que eu venho aqui hoje, faltando exatamente 27 minutos para o seu aniversário, desejar que você tenha um ótimo dia, e dizer mais uma vez o mais belo e verdadeiro clichê (contraditório, né?) de todos os tempos: Eu amo você.