quinta-feira, 8 de outubro de 2009

fragmentos etilicos

estou numa praça, conversando com amigos, rindo, jogando baralho e jogos de coordenação psico-motora. cada erro vale um gole de cachaça ou de vinho tinto. levanto-me, reclamando de dor nas pernas, sento-me ao banco.
(primeiro blackout)

dentro do ônibus, cambaleando junto com o balanço do ônibus. madrugada alta.
(segundo blackout)

próximo ao apartamento de um amigo onde reconheço os sapos que tanto adoro na parede:
-ossapinhos ali! (grito)
-calaboca, veado: são duas da manhã!
(terceiro blackout)

dois cara encima de mim, eu numa cama. os dois tentam me comer mas eu reclamo e protesto. acabam por lançar seus espermas sobre mim. um deles é meu atual namorado. banho. cama de novo:
-Iu, me dá um beijo!
-Não, tem vômito na sua boca...
-Vou limpar...
a pasta de dentes tem gosto estranho, salgado. era creme de barbear. cama mais uma vez. sono.
(quarto blackout)

......................
7:50 da manhã. domingo:
-acorda, vai pra casa! você precisa chegar em casa...

(dor de cabeça, ânsia de vômito. sede.)

sábado, 19 de setembro de 2009

sentei frente ao computador.
tantas idéias que brotaram, nessa semana.
nenhumas delas quer prender-se à publicação.
tenho de mim o mais profundo ódio.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

emi in the sky with diamonts

neve mais açúcar
sorvete
-qual sabor?
baunilha

neve e mel
saudades dos
contos de fadas
hoje: cantos de nada

neve e ausência
a neve perdeu
o teu sabor
sweet

neve e fel
meus olhos ofídicos
tequerendotanto
mesmo sem saber

saudade: doce como martini
fria como neve
crescente como teus cabelos

sábado, 5 de setembro de 2009

depoimento enviado no aniversário de emilia.

Ignóbil atitude, sim. e não deve ser levada à seriedade e aceitar crua tal insanidade.

aplaudo agora sua ausência. não que ela me faça feliz ou melhor. aplaudo a realidade da tua falta que me rasga o peito em chama. e rasgo os cabelos em força bruta de tanto ódio mortal à mim. me firo em pavor ao meu passado que te feriu. me queimo em angústia de palavras que te queimaram. morro em atitudes antiquíssimas que te mataram.
dorme bem, meu anjo rococó. você merece a vida mais linda e doce e que eu nunca poderei/poderia te dar. você merece um trono de baunilha no céu. num céu de diamantes. você merece um mundo maior que nem você pode lhe dar. "não sei o que sinto por você. tenho medo que seja amor. amor: o que será que essa palavra significa? mistérios." bachi.

domingo, 30 de agosto de 2009

what about

what about today?
what about this last week?
what about this last fortnight?
what about this last month?
what about this last year?
what about this last eighteen years?
what about this life?
what about me?

in the end we are nothing. and i have nothing to wear.

domingo, 19 de julho de 2009

quero completar, terminar isso que chamamos vida. mas antes necessito acabar o que começo. livros parados pelos últimos capítulos. musicas escutadas pela metade. copos de vinho esquecidos e cigarros abandonados feito chocolates. iniciar tudo de novo, pra ter um novo fim. novo?: se nunca houve algum como posso chamá-lo novo? tenho que recomeçar tudo e ir até o fim. entendo você se você que você quiser ir embora. desistir é tão bom, quando não tem mais jeito que dê jeito. comecei há algumas semanas 'o encontro marcado', prometo a mim mesmo chegar ao fim desse.

próxima meta: escrever uma bela crônica (num domingo) e mandar (via correios) pra Adriana.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

"Tenho urgência de ti, meu amor. Para me salvar da lama movediça de mim mesmo. Para me tocar, para me tocar e no toque me salvar. Preciso ter certeza que inventar nosso encontro sempre foi pura intuição, não mera loucura."
Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 26 de março de 2009

estou a meses (desde janeiro) sem escrever. tenho parido algumas cronicas, alguns pensamentos vagos, algumas ironias existencialistas. tenho me destruído também. um porre no ano-novo. um semi-porre no carnaval. sexo casual quase semanal. uma saudade negra que me corrói a cada dia e me "desfará em pó nas luzes do amanhecer, como um vampiro louco". estou ausente de mim assim como estou ausente dos outros. me reconforta uma volta maldita (e angelical) na minha vida. comecei a fumar também. não por birra, nem por revolta. só um desejo louco de estar mais fora de mim do que já me encontro normal(?)mente.
"Escrever deve ser uma necessidade, como o mar precisa das tempestades - é a isto que eu chamo respirar."

Anais Nïn

sábado, 21 de março de 2009

te busquei como se fosses o último. eras. és. o que fazer quando tudo nem começa e acaba como se fossem anos e anos de trepadas diárias, temerosas e insanas. insanos fomos nós acharmos que algum dia seríamos e estaríamos junto para sempre. eu não te odeio, afinal. você é meu amigo, mas tenho um coração e não sei o que fazer dele. estou esperando me morrer um pouco antes que eu possa dizer fim, adeus, nunca-mais.

"e toda essa merda educada que se diz quando o coração ficou inteiramente gelado."(c.f.a.)

sinto saudades do meu rei pernambucano. aparece, anjo barroco. tua ausência tem quebrado todos os ossos do meu coração.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

entrevista clarice l.

junio lemer: é mais difícil você se comunicar com o adulto ou com a criança?

clarice lispector: quando eu me comunico com criança, é fácil porque sou muito maternal. quando eu (me) comunico com adulto, na verdade estou me comunicando com o mais secreto de mim mesma. aí é dificil, né?

junio lemer: o adulto é sempre solitário?

clarice lispector: o adulto é triste e solitário, né?

junio lemer: e a criança?

clarice lispector: a criança... tem a fantasia... solta...

junior lemer: a partir de que ponto, de acordo com a escritora, oo ser humano vai se transformando em triste e solitário?

clarice lispector: (pausa longa) ... isso é segredo. (pausa longa) desculpa, eu não vou responder... a qualquer momento na vida, basta um... um choque um pouco inesperado... e isso acontece. mas eu não sou solitária não. tenho muito(s) amigos. e só tô triste hoje porquê eu tô cansada.

o pensamento lá em você

domingo, frio, cedo. rabisco algum fragmento de conto inacabado (assim como minha vida). relembro os livros interminados, os almoços deixados pela metade no prato. chove. a chuva conta e reconta suas moedas nas latas do quintal. um xícara de café bem forte (a terceira). espero o celular tocar e não toca. invento metáforas inóspitas e insossas. tomo um gole do café (já amornado pelo frio). tento criar coragem, mas só vem sono.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

fome estranha

quero falar sobre as nossas fomes. a minha, por exemplo. tenho fome de ter fome. definição crua e nua de uma fome inexplicável.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

com ana, blues

ana nasceu de mim depois de dois anos de gestação. embora pareça que foi a gestação de um elefante, ana tem a leveza do vôo nos ossos. mas: de que adianta que ela tenha nascido com tanta força brutal e faminta, se com essa mesma força minha mãe esteja morrendo.
por favor ana, morra!
mas deixa que ela que é meu chão, minha base, meu alicerce viva por mais alguns tempos. só te peço para que eu possa mostrá-la o quanto a amo e a quero viva. pedir pra deus? deus tá matando minha mãe: deus bom, ele não existe. ele é cruel, é vil, maquiavélico. deus é um estuprador de virgens. deus é uma farsa. e enquanto ele estiver matando meu coração, eu quero que ele vá se fuder.

à beleza anoréxica de minha mãe

eu tinha tanto medo de saber que ela pode morrer. parabéns misturados com revelações. minha mãe é turbeculosa. dói muito saber que ela respira só com um pulmão meio ruinzinho e o outro lhe escapa em tenebrosas golpadas de sangue. tenho raiva de ser gordo. odeio ter carnes que lhes são escassas. odeio ter belos e fortes pulmões pulsantes de vida. odeio ter força e coragem enquanto a cara dela afunda e afunda no meio da caveira. eu a amo até os ossos. quando me pede massagens, as minhas lágrimas correm feito bichos que estavam presos em densas gaiolas. massageio sua coluna conseguindo contar perfeitamente suas vértebras. eu não estou preparado para uma possível morte na família.

é isso que eu chamo amor?

Guto:
Sob os augúrios de capricórneo...
Ai, o signo negro
O perscrutador de abismos

Desgraçada desgraça és
Fadado a ruminar surdinas
Enredar mistérios e tramas
De recôndidos universos
Longínquos

Desgraçado tu és
Pária entre (a)pú(á)tridos(as)
Varíola ante as vacinas
Terror por trás do medo
Miséria

Desgraça és
Traços, sarcasmo
Cores de escárnio
Em pinceladas
Ácidas

Graças
Ao
Bom
Deus

naah:
Jhonn, quem nos viu, quem nos vê, né? Quem diria que iríamos nos tornar amigos um dia? É, a vida dá muitas voltas... Muitas delas não nos trazem nada de bom, mas outras trazem-nos amigos, e em uma dessas voltas você se trouxe pra mim! Jhonn, eu vou sentir tanta falta de chegar no colégio e te dar um abraço, te chamar de puta, cantar contigo, não entender teu inglês, entender quando você tá estressado, assim como me entendes também, conversar horas sobre besteiras, pegar livros emprestados, ler contos, expor ideias, comentar autores, livros, musicas e filmes... Gente, vou sentir sua falta! E é por isso que eu venho aqui hoje, faltando exatamente 27 minutos para o seu aniversário, desejar que você tenha um ótimo dia, e dizer mais uma vez o mais belo e verdadeiro clichê (contraditório, né?) de todos os tempos: Eu amo você.