Tá, tudo bem, eu confesso: Tenho sentido falta de minha solidão. Descobri isso hoje
quando voltava de
ônibus para casa e me sentia tão feliz por estar sozinho que quase tinha orgasmos múltiplos. Não é liberdade, mas eu não queria copiar a
Lispector. É apenas desejo insensato de estar com meus turbilhões de
eus que gritam dentro de mim. Que
saculejam que me pintam que me batem que me ferem que me amam que me matam. Tenho sentido saudades dessas coisas, de como é estar preso e não querer a liberdade de um
cárcere privado que eu próprio escolhi e culpo os outros de estarem com as
chaves por que o povo é ruim, o povo é mau. O povo
lá fora é feio e morde. Porque as pessoas são pessoas e nos seus olhares e nos seus toques e nos seus seios e seus
eus e seus meus, enfim: os profundos dos outros é o que mais me fascina e me abomina. Então escrevo.